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A Persistência da Memória

"O conteúdo de informação do cérebro humano referido em bits é possivelmente comparável ao número total de conexões entre neurónios -- ou seja, cerca de de 1014 bits. Se expressos em escrita, digamos, aquela informação encheria alguns 20 milhões de volumes, tantos quantos existem nas maiores bibliotecas do mundo. O equivalente a 20 milhões de livros está dentro das cabeças de cada um de nós. O cérebro é um lugar enorme num espaço mínimo. A maior parte dos «livros» está no córtice cerebral. Na cave encontram-se as funções de que os nossos antecessores fundamentalmente dependiam -- agressividade, cuidados com as crianças, medo, sexo, prontidão para seguir cegamente o chefe. Algumas das funções superiores do cérebro -- ler, escrever, falar -- parecem localizar-se em locais específicos do córtice cerebral. As recordações, por outro lado, encontram-se alojadas redundantemente em muitos locais. Se existisse o que se diz ser a telepatia, uma das suas glórias seria a oportunidade de virmos a ler os livros nos córtices cerebrais dos nossos bem-amados. No entanto, não há prova cabal da existência da telepatia e a comunicação dessa informação fica a cargo de artistas e escritores. O cérebro faz mais do que lembrar. Compara, sintetiza, analisa, abstrai. Somos capazes de imaginar muito mais do que o que conseguem os nossos genes. É por isso que a biblioteca do cérebro é 10 mil vezes maior do que a biblioteca genética. A nossa paixão pelo saber, evidente no comportamento de qualquer criança que aprende a caminhar, é o instrumento da nossa sobrevivência."

Carl Sagan, Cosmos, 1980

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