Temos um banco, no nosso jardim de Malicorne, situado diante de um lago, ao qual chamamos "banco do tempo que passa". Às vezes, sento-me nele e sinto que, juntamente com as libelinhas, as carpas, as alvéolas brancas pousadas nos nenúfares e no grande salgueiro, faço parte do cosmos. Se ali estou e posso reflectir é porque habitamos um universo no qual se desenvolveu um processo extraordinário, uma saga épica à qual chamamos o "crescimento da complexidade". As descobertas científicas não cessam de nos revelar a nossa origem cósmica. Que caminho percorremos nós, seres humanos, para estar aqui, agora? A nossa existência está ligada a fenómenos que se desenrolaram ao longo de milhares de milhões de anos, se desenvolveram num espaço de milhões de anos-luz e incluem o aparecimento das galáxias, das estrelas e dos planetas. É aquilo a que eu gosto de chamar a "bela história". Hubert Reeves